segunda-feira, 2 de abril de 2012

CHINA - BEIJING

(English version at bottom)

Beijing ou Pequim? Depende da vontade do viajante. Parece que Pequim guarda os segredos da antiguidade, enquanto Beijing flerta com a modernidade globalizada. Mas está muito claro que a cultura é, ainda, fortemente oriental deste lado do mundo.
Os chineses são bilhões de sorridentes, mesmo que os dentes não sejam tão brancos e alinhados, como gostaria um bom sorriso; em grande parte da população os dentes são escurecidos. Talvez seja a alimentação, ou muito chá... Parte também não possui dentição completa. Mas, mesmo assim eles sorriem bastante, embora algumas vezes pareçam sorrir de, e não, para você. Tudo bem. A gente sempre acha que o sorriso é para abrir passagem. Mas como sustentar uma reclamação com alguém que ouve calado e apenas sorri de volta?  Depende da vontade do viajante continuar brigando, ou ceder sem ligar.
Comidas de Rua - Street food
Não se importar muito, talvez, seja o principal cardápio chinês. Come-se de tudo a qualquer hora, em qualquer lugar. Em restaurantes chiques, executivas bem vestidas misturam camarão com doces, enquanto o povão come macarrão pela manhã. Barracas multicoloridas ostentam comidas de rua ligeiras. Parecem crocantes espetinhos não se sabe de que, ou bolinhos recheados de surpresas, assim como caldinhos coloridos e enfumaçados. Vários odores invadem o ar, alguns são agradáveis e abrem o apetite, outros nem tanto... Sempre sorrindo, os chineses saúdam o estrangeiro que usa palitinhos no bandejão da esquina. Incentivam-no de longe. Uma vez mais não se sabe se sorriem de, ou para você. Estamos em 1996, e só uma loja McDonald’s reina no centro da cidade. No entanto, já está lotada todos os dias. Também há uma única Pizza Hut.
Templo do Paraíso - Temple of Heaven
As lojas funcionam de Domingo a Domingo, em Beijing. A cidade não pára, o progresso invade o céu cinza, colorido por enormes guindastes amarelos, laranjas, verdes. As árvores ficaram para os parques, a fumaça e o nevoeiro das manhãs criam um nascer do dia de paisagem meio apocalíptica, que parece não combinar com uma filosofia milenar. Ou seria melhor pensar em fumaça de incenso.... Na terra dos templos e pavilhões de nomes inspiradores, o ar (que se inspira) é insatisfatório. Do “Templo do Incenso para Buda” ao “Templo das Boas Colheitas” é difícil alcançar o “Templo do Paraíso” sem perceber que, aqui também, o progresso se faz em detrimento da qualidade de vida, e que será quase impossível chegar ao “Pavilhão da Felicidade e da Longevidade” sem passar pelo “Jardim da Virtude e da Harmonia” entre homem e natureza. Mas ainda não soou o gongo no “Templo do Grande Sino”!! Todavia, depende da vontade do viajante esquecer-se um pouco da poluição e confusão da cidade, envolvendo-se num passeio ao Palácio de Verão.
Palácio de verão - Summer Palace

Jardins de magnólias, pagodes multicoloridos, flor de lótus nas águas, pontes dando acesso à ilhas sob imensos lagos, telhas retorcidas em formatos e cores distintas. Paredes esculpidas com 1000 budas, requintadas salas de trono embelezadas por bordados de fios de ouro, arcos, dragões nos telhados, estatuetas de fênix em pedestais, gigantes dragões de bronze, pinturas em semicírculo com efeitos tridimensionais. Pontes com nomes engraçados derivados de diálogos filosóficos. Seriam vastos parágrafos a descrever a beleza e o cuidado do Palácio de Verão. Diferentemente da Cidade Proibida, este foi concebido sob a perspectiva de um jardim. Não faltam histórias e piadas sobre a vida dos imperadores e imperadoras que por lá passaram.
Praça Tian Men - Tian Men Square
                                            
Descortinam-se os portões da Cidade Proibida junto à enorme Praça Tian Men, ou da Paz Celestial. Ocupa uma vasta área e possui cercas trabalhadas em mármore. Ainda hoje, tem o ar solene de uma Cidade-Estado. O sol quente penetra as alamedas com poucas árvores e, aos tetos ornados em ouro, somam-se os muros e casas vermelhas. Ao longe, as pessoas parecem pequenas formigas sumindo na imensidão das escadas e pontes. 
Cidade Proibida -  Forbidden City
                                                      
Tudo parece grande em Beijing. Os quarteirões são gigantes. A quantidade de bicicletas circulando é fenomenal. Existem as avenidas, as ruas e as ruas de bicicletas, todas convivendo no mesmo espaço. Para as bikes há sinal e guarda de trânsito em cada cruzamento. Nos estacionamentos são milhares. Iguaizinhas, a não ser pela plaquinha. Como fazer para achar a sua no mar de ferro, e deslocá-la, então? Tarefa para paciência chinesa! A maioria das bicicletas é antiga e nelas trafegam moças de vestido, de saia, e até homens de paletó. Algumas servem para riksha. O nosso era azul, com capota de lona e um motorista/pedalante franzino. À outras bicicletas acoplam-se pequenas “carretas-lojas” como a dos barbeiros. Nelas são transportados a barraca de praia, para o sol, a cadeira, um pequeno cercadinho de 4 placas, o avental e os utensílios dos barbeiros e cabeleireiras que se instalam nas praças públicas. Uns ao lado dos outros, parecem possuir freguesia garantida. Também é comum ver o “laboratório” de um retratista na praça, e muita, muita gente praticando esportes marciais a céu aberto.
Milhares de bicicletas - Thousands of bikes
                                                       
Deslocar-se numa cidade onde não se entende nada do que está escrito é desafiador. Há que se ter um mapa constantemente e saber direcionar-se. Os sorridentes motoristas de táxi logo reconheciam nosso hotel quando o apontávamos no mapa, e gentilmente comentavam: - “Ah!  Pory”. Nosso hotel era o Poly Plaza. No metrô, percebe-se logo um cheiro de mofo. Viramos atração, devido às bermudas de meu marido. Era impossível não perceber que os chineses apontavam e riam das pernas peludas. Desta vez tenho certeza, riam de nós.
Beijing

No verão há muitos chineses viajando. Creio que alguns estavam na cidade pela primeira vez. Conhecer a capital, fazer fila imensa no túmulo de Mao e um lanchinho à sombra na praça. Fui surpreendida por duas amigas, neste quesito. Aproximaram-se com uma câmera na mão e prontamente entendi o gestual para que fizesse uma foto das duas no jardim. Isto era minha suposição, mas os gestos indicaram que queriam que eu estivesse na foto com uma delas, que sem cerimônia passou o braço sobre meus ombros. Fiquei a imaginar qual seria o comentário quando da exibição da foto: - “Veja esta ocidental que encontrei em Beijing”, ou – “olhe a cor do cabelo dela”- De fato, às vezes independe da vontade do viajante estar pronto a se surpreender em Beijing.

Chega-se de teleférico à Muralha da China em Mutianyu. Esta é uma das partes mais preservadas da colossal fortaleza. É difícil pensar que milhões de pessoas viraram cimento humano construindo esta cidadela que pode ser observada desde a lua. Perde-se na imensidão dos morros verdes. De quando em quando há uma torre, como pequenas sentinelas com janelas para todos os lados.
Muralha em Mutianyu - Great Wall at Mutianyu
Em todos os lados da cidade também vemos os “soldados eternos”, como denominei-os. São cidadãos que usam seus uniformes todos os dias, talvez de domingo a domingo. Alguns bem puídos, desbotados. Fiquei imaginando se realmente a farda teria a função de uniforme, ou seja substituir a roupa, mas por uma medida de economia.
Economia é o que todo turista gosta de fazer quando vai às compras. Em Beijing é simples. Há que se barganhar tudo. Uma simples incursão, a passeio, pelo Mercado de Sedas pode se transformar em barganha. Ao perguntar o preço de uma peça a resposta imediata é: Você diz o preço!! Nada mais conveniente para um turista. A técnica chinesa é fazê-lo acreditar que quem dita o preço é o comprador.

Numa civilização tão antiga, não é difícil encontrar, no museu, peças em bronze do século IV A.C. O que fica um pouco mais complicado é tentar entender um museu onde não há qualquer explicação em outra língua, a não ser em mandarim. Com o cloisoné às vezes é um pouquinho mais fácil, pois alguns artistas arranham o inglês. No geral, é uma batalha encontrar alguém que mantenha uma conversação no idioma bretão. A intenção é boa, começam saudando o turista com o “Good Morning” no elevador, mas não vai além disto. Na tentativa de qualquer outro diálogo de continuidade a resposta é sorriso e mais sorriso.

E sorrindo visitamos Pequim, ou Beijing. Não faz diferença, o importante é ver, viver e sorrir!

Hotel utilizado: Poly Plaza. Restaurante do Swiss Hotel, que fica quase em frente, uma ótima pedida para restaurante de comida internacional.

Custo  total aproximado por dia: US$ 160,00

Período da Viagem: Agosto 1996

 
Beijing or Peking?  Depends on what the traveller likes best. It seems that Peking still holds the old secrets, whilst Beijing is in love with the modernization. However, what is still striking is that the oriental culture is very strong on this side of the world.
The Chinese are always smiling, though their teeth look a bit worn out, at times. I wonder whether it is a consequence of their diet, or  simply too much tea. We had the impression that  sometimes they are smiling of us, and not at us.
Street food - comida de rua
Eating habits can be quite peculiar. Everywhere, anywhere and everything being the words that best express it. In fancy restaurants, young business ladies mix prawns with sweets while the ordinary man on the streets eat noodles for breakfast. Barbecue of little insects and steaming stews and broths can be seen in stalls all over town. In 1996 there is just one McDonald´s shop and one Pizza Hut in the city.
Shops are open from Sunday to Sunday. The city never stops and a sort of black smoke is permanently seen on the sky. The mist of the mornings and the pollution  create a chaotic landscape that do not seem to match the ancient philosophers. On a country full of temples of inspirational names the air one can breathe is not very satisfactory.  From the "Temple of the Incense to Buda" to the "Temple of the Great Harvest" it is difficult to reach  "Temple of Heaven" without noticing that progress is made in detriment of the quality of living. It is hardly possible to get to the" Longevity Pavillion" without passing through the "Garden of Virtue and Harmony" between man and nature. But it seems the bell hasn´t really rang on the "Great Bell Temple"…
Summer Palace - Palácio de Verão

One way to get away from pollution is visiting the Summer Palace. Multi-coloured pagodas, isles, bridges, lakes, walls carved with 1000 budas, dragons on ceilings, thrones embroidered in gold, phenix statues. I would need many paragraphs to describe the grandeur of the place. Differently from the Forbidden City, this palace was conceived to be a garden. There are many jokes about the emperors and empresses who lived there.
Forbidden City - Cidade Probibida
The gates of the Forbidden City can be reached by the huge Tian Men Square. The fences are all made in marble and the city has a solemn aspect till nowadays. Everything is big in Beijing. The amount of bikes is extraordinary. They move on private lanes with traffic lights and policemen to organize the mess. Some bicycles are used as barber shops or photo shops. They carry their instruments and work on public squares. Many people do sports and martial arts on the squares as well.
Details of the roofs - detalhes do teto
 It is imperative to have a map on hand to use taxis or even the subway as it is impossible to understand a word. The subway is a little smelly and we became the centre of attention due to my husband´s hairy leg. We were definitely sure this time that they were laughing of us.
In Summer, flocks of tourists were arriving in town. They queued patiently in front of Mao´s tomb and pic-nicked everywhere. Two friends surprised me on a garden asking for a picture. When I offered to click them, I realized they wanted me on their picture. One of the girls embraced me, while the other took the snap. I wondered what their comment might have been about a Western on the park.
Great Wall - Muralha da China

The Great Wall, at Mutianyu is reached by cable car. This part of the wall is still very protected. It is hard to believe millions lost their lives to build that amazing fortress. From time to time there is a sentry to remind us of the nature of the construction.
The Chinese love to bargain. Even if you are just taking a look of the silk pieces at the local market, they start the game of bargaining. They like to make you believe that you are the one who will put the price on the item. If you pose a question on the price, they immediately reply “You say how much”. Whatever you pay, at the end, is worth and not really expensive.
In such ancient society, it is not difficult to find bronze craft from the IV century BC in the Museum. What is not easy to understand, however, is why everything in the Museum is just written on Chinese. 
Cloisonné

When visiting cloisonné factories it becomes easier as some people do speak little English. Apart from greetings, in the general the population does not speak any other word in English. But they do smile a lot, when being asked for information.
And smiling we visited Beijing or Peking, it does not matter which name you call it. The important is to come, see, enjoy and smile.

Hotels we stayed at: Poly Plaza. The Swiss Hotel (for international food).

Approximate total cost per day: US$ 160,00


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