Beijing ou Pequim?
Depende da vontade do viajante. Parece que Pequim guarda os segredos da
antiguidade, enquanto Beijing flerta com a modernidade globalizada. Mas está
muito claro que a cultura é, ainda, fortemente oriental deste lado do mundo.
Os chineses são
bilhões de sorridentes, mesmo que os dentes não sejam tão brancos e alinhados,
como gostaria um bom sorriso; em grande parte da população os dentes são
escurecidos. Talvez seja a alimentação, ou muito chá... Parte também não possui
dentição completa. Mas, mesmo assim eles sorriem bastante, embora algumas vezes
pareçam sorrir de, e não, para você. Tudo bem. A gente sempre
acha que o sorriso é para abrir passagem. Mas como sustentar uma reclamação com
alguém que ouve calado e apenas sorri de volta?
Depende da vontade do viajante continuar brigando, ou ceder sem ligar.
Não se importar muito,
talvez, seja o principal cardápio chinês. Come-se de tudo a qualquer hora, em
qualquer lugar. Em restaurantes chiques, executivas bem vestidas misturam camarão
com doces, enquanto o povão come macarrão pela manhã. Barracas multicoloridas
ostentam comidas de rua ligeiras. Parecem crocantes espetinhos não se sabe de
que, ou bolinhos recheados de surpresas, assim como caldinhos coloridos e
enfumaçados. Vários odores invadem o ar, alguns são agradáveis e abrem o
apetite, outros nem tanto... Sempre sorrindo, os chineses saúdam o estrangeiro
que usa palitinhos no bandejão da esquina. Incentivam-no de longe. Uma vez mais
não se sabe se sorriem de, ou para você. Estamos em 1996, e só uma loja
McDonald’s reina no centro da cidade. No entanto, já está lotada todos os dias.
Também há uma única Pizza Hut.
Palácio de verão - Summer Palace |
Jardins de magnólias,
pagodes multicoloridos, flor de lótus nas águas, pontes dando acesso à ilhas
sob imensos lagos, telhas retorcidas em formatos e cores distintas. Paredes
esculpidas com 1000 budas, requintadas salas de trono embelezadas por bordados
de fios de ouro, arcos, dragões nos telhados, estatuetas de fênix em pedestais,
gigantes dragões de bronze, pinturas em semicírculo com efeitos
tridimensionais. Pontes com nomes engraçados derivados de diálogos filosóficos.
Seriam vastos parágrafos a descrever a beleza e o cuidado do Palácio de Verão.
Diferentemente da Cidade Proibida, este foi concebido sob a perspectiva de um
jardim. Não faltam histórias e piadas sobre a vida dos imperadores e
imperadoras que por lá passaram.
Praça Tian Men - Tian Men Square |
Descortinam-se os
portões da Cidade Proibida junto à enorme Praça Tian Men, ou da Paz Celestial. Ocupa
uma vasta área e possui cercas trabalhadas em mármore. Ainda
hoje, tem o ar solene de uma Cidade-Estado. O sol quente penetra as alamedas
com poucas árvores e, aos tetos ornados em ouro, somam-se os muros e casas
vermelhas. Ao longe, as pessoas parecem pequenas formigas sumindo na imensidão
das escadas e pontes.
Cidade Proibida - Forbidden City |
Tudo parece grande em Beijing. Os
quarteirões são gigantes. A quantidade de bicicletas circulando é fenomenal.
Existem as avenidas, as ruas e as ruas de bicicletas, todas convivendo no mesmo
espaço. Para as bikes há sinal e
guarda de trânsito em cada cruzamento. Nos estacionamentos são milhares.
Iguaizinhas, a não ser pela plaquinha. Como fazer para achar a sua no mar de
ferro, e deslocá-la, então? Tarefa para paciência chinesa! A maioria das
bicicletas é antiga e nelas trafegam moças de vestido, de saia, e até homens de
paletó. Algumas servem para riksha. O
nosso era azul, com capota de lona e um motorista/pedalante franzino. À outras
bicicletas acoplam-se pequenas “carretas-lojas” como a dos barbeiros. Nelas são
transportados a barraca de praia, para o sol, a cadeira, um pequeno cercadinho
de 4 placas, o avental e os utensílios dos barbeiros e cabeleireiras que se
instalam nas praças públicas. Uns ao lado dos outros, parecem possuir freguesia
garantida. Também é comum ver o “laboratório” de um retratista na praça, e
muita, muita gente praticando esportes marciais a céu aberto.
Milhares de bicicletas - Thousands of bikes |
Deslocar-se numa
cidade onde não se entende nada do que está escrito é desafiador. Há que se ter
um mapa constantemente e saber direcionar-se. Os sorridentes motoristas de táxi
logo reconheciam nosso hotel quando o apontávamos no mapa, e gentilmente
comentavam: - “Ah! Pory”. Nosso hotel
era o Poly Plaza. No metrô, percebe-se logo um cheiro de mofo. Viramos atração,
devido às bermudas de meu marido. Era impossível não perceber que os chineses
apontavam e riam das pernas peludas. Desta vez tenho certeza, riam de nós.
No verão há muitos
chineses viajando. Creio que alguns estavam na cidade pela primeira vez.
Conhecer a capital, fazer fila imensa no túmulo de Mao e um lanchinho à sombra
na praça. Fui surpreendida por duas amigas, neste quesito. Aproximaram-se com
uma câmera na mão e prontamente entendi o gestual para que fizesse uma foto das
duas no jardim. Isto era minha suposição, mas os gestos indicaram que queriam
que eu estivesse na foto com uma delas, que sem cerimônia passou o braço
sobre meus ombros. Fiquei a imaginar qual seria o comentário quando da exibição
da foto: - “Veja esta ocidental que encontrei em Beijing”, ou – “olhe a cor do
cabelo dela”- De fato, às vezes independe da vontade do viajante estar pronto a
se surpreender em Beijing.
Chega-se de
teleférico à Muralha da China em Mutianyu. Esta é uma das partes mais preservadas
da colossal fortaleza. É difícil pensar que milhões de pessoas viraram cimento
humano construindo esta cidadela que pode ser observada desde a lua. Perde-se
na imensidão dos morros verdes. De quando em quando há uma torre, como pequenas
sentinelas com janelas para todos os lados.
Em todos os lados da
cidade também vemos os “soldados eternos”, como denominei-os. São cidadãos que
usam seus uniformes todos os dias, talvez de domingo a domingo. Alguns bem
puídos, desbotados. Fiquei imaginando se realmente a farda teria a função de
uniforme, ou seja substituir a roupa, mas por uma medida de economia.
Muralha em Mutianyu - Great Wall at Mutianyu |
Economia é o que todo
turista gosta de fazer quando vai às compras. Em Beijing é simples. Há que se
barganhar tudo. Uma simples incursão, a passeio, pelo Mercado de Sedas pode se
transformar em barganha. Ao perguntar o preço de uma peça a resposta imediata
é: Você diz o preço!! Nada mais conveniente para um turista. A técnica chinesa
é fazê-lo acreditar que quem dita o preço é o comprador.
Numa civilização tão
antiga, não é difícil encontrar, no museu, peças em bronze do século IV A.C. O que
fica um pouco mais complicado é tentar entender um museu onde não há qualquer
explicação em outra língua, a não ser em mandarim. Com o cloisoné às vezes é um
pouquinho mais fácil, pois alguns artistas arranham o inglês. No geral, é uma
batalha encontrar alguém que mantenha uma conversação no idioma bretão. A
intenção é boa, começam saudando o turista com o “Good Morning” no elevador, mas não vai além disto. Na tentativa de
qualquer outro diálogo de continuidade a resposta é sorriso e mais sorriso.
E sorrindo visitamos Pequim, ou Beijing. Não faz
diferença, o importante é ver, viver e sorrir!
Hotel utilizado: Poly Plaza. Restaurante do
Swiss Hotel, que fica quase em frente, uma ótima pedida para restaurante de
comida internacional.
Custo total aproximado por dia: US$ 160,00
Período da Viagem: Agosto 1996
Período da Viagem: Agosto 1996
Beijing or Peking? Depends on what the traveller likes best. It
seems that Peking still holds the old secrets, whilst Beijing is in love with
the modernization. However, what is still striking is that the oriental culture
is very strong on this side of the world.
The Chinese are always smiling, though their
teeth look a bit worn out, at times. I wonder whether it is a consequence of
their diet, or simply too much tea. We
had the impression that sometimes they
are smiling of us, and not at us.
Street food - comida de rua |
Eating habits can be quite peculiar.
Everywhere, anywhere and everything being the words that best express it. In
fancy restaurants, young business ladies mix prawns with sweets while the
ordinary man on the streets eat noodles for breakfast. Barbecue of little insects
and steaming stews and broths can be seen in stalls all over town. In 1996
there is just one McDonald´s shop and one Pizza Hut in the city.
Shops are open from Sunday to Sunday. The city
never stops and a sort of black smoke is permanently seen on the sky. The mist
of the mornings and the pollution create
a chaotic landscape that do not seem to match the ancient philosophers. On a
country full of temples of inspirational names the air one can breathe is not
very satisfactory. From the "Temple of
the Incense to Buda" to the "Temple of the Great Harvest" it is difficult to
reach "Temple of Heaven" without noticing
that progress is made in detriment of the quality of living. It is hardly
possible to get to the" Longevity Pavillion" without passing through the "Garden
of Virtue and Harmony" between man and nature. But it seems the bell hasn´t
really rang on the "Great Bell Temple"…
Summer Palace - Palácio de Verão |
One way to get away from pollution is visiting
the Summer Palace. Multi-coloured pagodas, isles, bridges, lakes, walls carved
with 1000 budas, dragons on ceilings, thrones embroidered in gold, phenix
statues. I would need many paragraphs to describe the grandeur of the place.
Differently from the Forbidden City, this palace was conceived to be a garden.
There are many jokes about the emperors and empresses who lived there.
Forbidden City - Cidade Probibida |
The gates of the Forbidden City can be reached
by the huge Tian Men Square. The fences are all made in marble and the city has
a solemn aspect till nowadays. Everything is big in Beijing. The amount of
bikes is extraordinary. They move on private lanes with traffic lights and
policemen to organize the mess. Some bicycles are used as barber shops or photo
shops. They carry their instruments and work on public squares. Many people do
sports and martial arts on the squares as well.
It is imperative to have a map on hand to use
taxis or even the subway as it is impossible to understand a word. The subway
is a little smelly and we became the centre of attention due to my husband´s
hairy leg. We were definitely sure this time that they were laughing of us.
Details of the roofs - detalhes do teto |
In Summer, flocks of tourists were arriving in
town. They queued patiently in front of Mao´s tomb and pic-nicked everywhere.
Two friends surprised me on a garden asking for a picture. When I offered to
click them, I realized they wanted me on their picture. One of the girls
embraced me, while the other took the snap. I wondered what their comment might
have been about a Western on the park.
The Great Wall, at Mutianyu is reached by cable
car. This part of the wall is still very protected. It is hard to believe
millions lost their lives to build that amazing fortress. From time to time
there is a sentry to remind us of the nature of the construction.
The Chinese love to bargain. Even if you are
just taking a look of the silk pieces at the local market, they start the game
of bargaining. They like to make you believe that you are the one who will put
the price on the item. If you pose a question on the price, they immediately
reply “You say how much”.
Whatever you pay, at the end, is worth and not really expensive.
In such ancient society, it is not difficult to
find bronze craft from the IV century BC in the Museum. What is not easy to
understand, however, is why everything in the Museum is just written on
Chinese.
When visiting cloisonné factories it becomes easier as some people do speak little English. Apart from greetings, in the general the population does not speak any other word in English. But they do smile a lot, when being asked for information.
Cloisonné |
When visiting cloisonné factories it becomes easier as some people do speak little English. Apart from greetings, in the general the population does not speak any other word in English. But they do smile a lot, when being asked for information.
And smiling we visited Beijing or Peking, it
does not matter which name you call it. The important is to come, see, enjoy
and smile.
Hotels we stayed at: Poly Plaza. The Swiss Hotel (for international food).
Approximate total
cost per day: US$ 160,00
Nenhum comentário:
Postar um comentário