quinta-feira, 5 de abril de 2012

AUSTRÁLIA - AUSTRALIA

 (English version at bottom)

A chegada ao aeroporto de Sidney foi bem menos tranquila que a da Nova Zelândia, de onde viemos. Foram muitos policiais com cachorros cheirando bagagens e milhões de sensores, revistas detalhadas etc. Note-se que brasileiros precisam de visto e certificado de vacina de febre amarela. No entanto, não tivemos que mostrar a vacina e só respondemos a algumas perguntas básicas. A um oriental que estava próximo, três pessoas diferentes pediram o tal certificado. Mas, como além de nossas pequenas malas, tínhamos uma mochila nas costas, o cachorro precisou farejá-las.
Darling Harbour - Sidney

Sydney é uma cidade grande, poluída, com congestionamentos e arranha-céus gigantescos. Este clima é quebrado pelo lindo jardim botânico situado bem no centro e pertinho do Ópera House, e da ponte de Sidney Harbour. O jardim botânico é moradia de muitas aves e as cacatuas fazem um barulho tremendo.Existem muitos morcegos por lá também, parecem até frutas pendendo das árvores.

Existem praias bonitas nos arredores de Sydney, facilmente alcançadas pelos catamarans que trafegam a todo instante. Chama à atenção a quantidade de comércio na cidade. São milhões de shoppings pequenos, médios, grandes, e muito comércio de rua. Também é interessante o sistema de transporte, bem diversificado. O trânsito é meio congestionado, mas há opção de trem, tram (bonde) e monotrilho. Além disto, alguns passes de ônibus, ou de outro transporte coletivo, são conjugados com entradas para parques ou atrações turísticas.
Blue Mountains (Montanhas Azuis) - Three Sisters (Pico 3 irmãs)

Cansados da confusão de cidade grande, alugamos um carro e fomos para as Blue Mountains, região a cerca de 150 km de Sydney. Muito tranquilo e bonito. Infelizmente, muitas das caminhadas estavam proibidas devido a incêndios que ocorreram em 2006. A vegetação estava se regenerando e havia multa severa, caso alguém tentasse caminhar naqueles locais. Chamou minha atenção a quantidade de pássaros na Austrália. Praticamente em todos os lugares ouve-se o cantar deles. Não sei se é devido aos eucaliptos. Na verdade, o eucalipto é originário da Austrália. E, assim como os pássaros, eles estão presentes em todas as regiões, nos mais variados tipos e tamanhos. Pude perceber que periquitos de várias espécies adoram eucaliptos.

As distâncias na Austrália são enormes. Pensávamos em viajar de trem, mas no final de contas o passe não valeria tanto a pena. Desta forma priorizamos algumas regiões e fizemos o esquema avião/carro. Nem mesmo o ônibus valia muito, devido ao tempo que se perde para tarifas não tão compensadoras.
Voamos para Cairns no nordeste, onde está a Barreira de Corais. Um de nossos objetivos era fazer o mergulho para conhecer. Foi ótimo chegar ao calor novamente apos mais de 40 dias de frio, calefação, meias etc. A barreira de corais é muito bonita. Fomos conhecê-la na parte mais externa. É de um colorido bem variado e os peixes são de vários tipos e cores. Demos sorte, pois a visibilidade estava boa no dia da visita.
Ilha Magnética - Magnetic Island

A maioria das praias na Austrália, no mês de maio, ainda estava com restrições ao banho devido aos ‘stingers’ que são criaturas marinhas que picam terrivelmente. Em toda praia ha cordões de isolamento e só é permitido o banho numa pequena parte da praia. Junto aos quadros de aviso, há um vidro de vinagre, que deve ser passado caso haja picada do bicho. Outra coisa curiosa é que há crocodilos em algumas praias. Nestas o banho de mar é proibido. Eu nunca tinha ouvido falar de crocodilo de água salgada, mas existe! 
Em Cairns, alugamos outro carro, com Hertz (curiosidade sobre carros a luz de ré em carros pequenos só acende de um lado), e fomos descendo a costa. Visitamos Townsville, Magnetic Island, que é muito linda. Fomos até Whitsundays e à famosa praia de Airlie Beach, que é meio como Búzios. O peixe típico desta região é a barramundi, que é bem saboroso e de carne branca.

O nordeste da Austrália é cheio de frutas, que são anunciadas como tropicais. Dentro do próprio país há uma propaganda imensa para os produtos tropicais.  Passamos por muitas plantações de cana-de-açúcar, café, chá, banana. No entanto, os preços são caríssimos. Os produtos são locais e, às vezes, foi mais barato comprá-los no deserto! Encontramos barganhas nas barraquinhas de estradas. A cana-de-açúcar estava toda marcada com avisos de quarentena. Não consumi-la no local. Não vimos nenhuma queimada e percebemos que a cana é toda retirada diretamente para trens que passam dentro das produções.Não se pode carregar frutas do sudeste para o nordeste do país para evitar contaminação por pragas.

O problema da falta de água na Austrália é crônico. Há muitas campanhas conscientizando o público pela televisão. Ao mesmo tempo, acho que sofrem de inundações repentinas, pois nas estradas há sempre uma régua linimétrica para indicação da situação. É interessante, pois já que não se pode remediar pelo menos se avisa até onde a água pode subir.

Ainda na região das praias, conhecemos Port Douglas e fomos até Cape Tribulation. Esta região lembra Ubatuba, em SP. Praias associadas a montanhas cobertas de vegetação. A região de montanhas é chamada de Tablelands e é onde está a floresta tropical. Fauna e flora ricas e muita exploração turística. Licor de banana, passeio de barco pela floresta, coalas e cangurus em cativeiro, além de aborígenes tocando ‘didgeridoos’, que são instrumentos de sopro feitos em longos talhos de eucalipto. Em Port Douglas estava acontecendo um carnaval. Vimos a festa e, ao voltar para o hotel, fomos parados para teste de bafômetro na estrada. Sem problemas, claro.
Por do sol em Ayers Rock (Uluru) - Sun set Ayers Rock (Uluru)

Do litoral voamos para o território setentrional (northern territory), ou simplesmente Red Center. Meu marido fazia questão absoluta de conhecer a região. Muitos australianos diziam que não havia muito que fazer por lá, e também fomos avisados de que seria tudo muito caro. Foi-nos sugerido, várias vezes, pegar uma excursão para esta região desértica. No entanto, pagamos para ver e fomos independentemente. Valeu a pena, pois no final economizamos muito mais do que o preço das excursões, e ainda conhecemos tudo no nosso ritmo. Voamos para Alice Springs e de lá alugamos um carro para ir até Ayers Rock. Só há um resort em Ayers Rock, com vários tipos de hotéis. Escolhemos o mais em conta e fomos  conhecer Uluru e Katajuta. O primeiro é um monólito famoso por mudar de cor durante o amanhecer e escurecer. Um dos programas principais é ficar observando-o nestes períodos. Katajuta (nome original), ou Olgas, ou simplesmente muitas cabeças, é um complexo de várias rochas juntas que se destacam na paisagem horizontal e seca do deserto. Foram muitas caminhadas em paisagens bem diferentes.

Também fomos aos Kings Canion que fica a  +/- 300 km de Ayers Rock. Devido à região ser extremamente seca, faz bastante frio e o vento é gelado. O sol é quentíssimo, mesmo no outono, quase inverno. A quantidade de moscas é indizível. E a quantidade de choques que a gente toma, principalmente encostando-se ao carro também é fantástica. A geologia do local é muito interessante e valeu conhecer.

Em Alice Springs, em especial, pudemos notar o problema dos aborígenes australianos. Eles parecem que estão num mundo à parte. Ficam zanzando de um lado para o outro. Não sei se pretendem pedir esmolas ou o que. Alguns ainda nos abordaram para que comprássemos artesanato. Foi o único local onde me senti um pouco alerta quando andava pelas ruas. A gente fica apreensiva e curiosa para entender a situação. Tínhamos visto um documentário na televisão que dava conta da evolução da situação deles. Parece algo delicado. Resolvemos perguntar a uma vendedora numa loja para sentir a opinião das pessoas. Perguntamos se era permitido a eles trabalhar. Sim, é permitido, mas eles quase não trabalham, pois não tem educação formal. Segundo esta senhora, não há incentivo do governo para que as pessoas coloquem os filhos na escola. Não possuem hábitos de higiene e não veem razão para integração. O governo subsidia com moradia etc, e é por isto que as pessoas gostariam que eles trabalhassem, para baixar a carga de impostos. Somente na década de 50 foi dado direito de voto aos aborígenes e também foi permitido vender bebida alcoólica para eles. O problema de alcoolismo é grande entre este segmento. Alguns aborígenes se destacam no artesanato e pintura e seus quadros estão ficando famosos. Mas são minorias. A grande questão parece ser que os australianos pensam num processo de aculturamento dos aborígenes que não parece viável. No documentário que vimos, ficamos sabendo que as leis de apartheid africanas se basearam na política que era praticada com os aborígenes. Na verdade, o número deles diminuiu extremamente e era esperado que eles ‘sumissem do mapa’. Mas, hoje em dia, a situação é outra. A população já está quase voltando aos níveis  da época da ‘colonização australiana’ e o problema só cresce. Bem diferente da NZ onde até o idioma maori é ensinado nas escolas.

No mais a globalização está presente nos jovens com calças ‘’caindo’’ e chinelos de dedos. Muitos deles com a brasileiríssima Havaiana, que está à venda em várias cidades. Milhões de nacionalidades diferentes se comunicando através do inglês e muita comida dura de engolir. Muito vinho gostoso, paisagens lindas e alguns quilos a menos, após tantas caminhadas.

Alguns hotéis que utilizamos: Glengarry Caravan Park em Port Douglas (http://www.glengarrypark.com.au/; Stuart Caravan Park em, Alice Springs(http://www.stuartcaravanpark.com.au/); Outback Pioneer Hotel em Ayers Rock http://www.ayersrockresort.com.au/outback; Tropical Queens Comfort Inn, em Cairns; Formula 1 Kings Cross, em Sidney(http://www.hotelformule1.com/).

Custo total estimado por dia: US$ 176,00 ou AU$ 221,00

Período da viagem: Maio 2007 


Our arrival in Sidney was a bit different from the one in Auckland. There were dogs smelling rucksacks, sensors, careful investigation into bags. However, we just had to answer basic questions and did not need to show the yellow fever certificate. But, as we had small rucksacks, a dog had to sniff them. It is good to say that Brazilians need visa, and ours was perfectly ok. An oriental guy beside us did not have the same luck, as 3 different officials asked him for the yellow fever certificate.

Sidney is a big town, full of traffic jams, skyscrapers and pollution. On the other hand, it has a beautiful botanical garden near the Opera House and the bridge of Sidney Harbor. Many birds live there and make much noise. There are also trees full of bats. At first, I thought they were fruit trees, and all of a sudden, I saw the bats moving!

Near Sidney, there are great beaches that can be reachable by catamarans. Shopping is very intense with many malls spread all over the town. There are some options to avoid the traffic, such as the sky train and the tram. If you buy a special bus ticket, you get free access to some touristic attractions.

We rented a car and headed to the Blue Mountains, around 150 km from Sidney. Peaceful and lovely! Outstanding landscape, full of green pines and sandstone mountains. Many trekkings were forbidden due to fires that occurred in 2006. We did not want to risk being fined. The amount of birds in Australia is amazing. Wherever we’ve been, we could hear them singing. I do not know if this is due to the eucalyptus, which is native of this region. Parrots love them.

Australia is a huge country. We gave up the train and prioritized some parts to be visited by plane. We flew to Cairns, in the northeast, where the Coral Reef is. It was great to get to a sunny and warm weather again, after 40 cold days. Luckily, the visibility was very good when we visited the Coral barrier.

There were restrictions about bathing in the Australian beaches in the month of May due to the presence of stingers. A sign explains what to do if one of these creatures stings you and there is also a bottle of vinegar near it. Another curiosity is that there are crocodiles on the beaches, and on those ones it is forbidden to bathe.

In Cairns we rented another car, with Hertz, and went down the coast. We visited Townsville, and Magnetic Island, which is very beautiful. Went to Whitsundays and Airlie Beach, where we tasted the barramundi fish.
Kata Juta

We can find many tropical fruits in the northeast of Australia. We have seen plantations of sugar cane, coffee, tea, and banana. However, the price of the fruits is very expensive on that region. The sugar cane was all marked with signs of quarantine, and could not be consumed locally. There are train tracks inside the plantations, probably for the flow off the product.

Drought is a chronic problem in Australia. There are many television campaigns to make people conscious about saving water. On the other hand, there is sudden flooding because on the highways we noted high flooding marks.

We also went to Port Douglas and Cape Tribulation. The mountain region near these beaches is called Tablelands, and it is where the tropical forest can be found.  Rich fauna and flora and a lot of tourism. Boat rides inside the forest, koalas and kangaroos in captivity, and aborigines playing didgeridoos.


From the seashore, we flew to the northern territory, or Red Center. My husband wanted to visit this area badly. Many people tried to persuade us not to go there saying that there was not much to be seen, and that it would be very expensive to get there, because we would have to go on a tour etc. We decided to fly to Alice Springs and rent a car to drive to Ayers Rock. There is only one resort there, with several types of hotels. We visited  Uluru and Katajuta and it paid off. At the end of the day, we even saved some money by going on our own.

We also went to Kings Canyon, around 300 km away from Ayers Rock. The geology is quite interesting and it was a good experience. It is an extremely dry region, cold and with a chilly wind. The amount of flies is unbelievable! And the amount of shocks we get by touching the car is fantastic.

In Alice Springs we noted a lot of aborigines. They keep on walking from one place to another. Some of them offered us some art craft. When we asked a vendor on a shop about their situation, she told us that they have permission to work but many do not have formal education, what makes their situation very difficult. According to this lady, there are no governmental incentives for them to enroll children in school. Their dwelling is subsidized by government, but they do not seem to see many reasons to get integrated with the community. Alcoholism is a huge problem with this segment as well.

Globalization shows its face on this side of the planet as well. Youngster wearing falling down trousers and Havaianas flip flops can be seen in all places. Thousands of visitors from all countries communicating through the English language, food from everywhere, tasty wine, and remarkable landscapes. In summary, I lost some weight after many trekking and had a wonderful time!

Hotels we stayed at: Glengarry Caravan Park in Port Douglas (http://www.glengarrypark.com.au/); Stuart Caravan Park, (http://www.stuartcaravanpark.com.au/) in Alice Springs; Outback Pioneer Hotel in Ayers Rock http://www.ayersrockresort.com.au/outback/; Tropical Queens Comfort Inn, in Cairns; Formula 1 Kings Cross, in Sidney (http://www.hotelformule1.com/)

Approximate total cost per day: US$ 176,00 or AU$ 221,00

Period of trip: May 2007